O suplício de Sócrates
José Sócrates é uma vítima.
O pobre coitado já nasceu vítima (1957). Foi vitima na JSD e igualmente enquanto presidente da concelhia da Covilhã e da federação distrital socialista de Castelo Branco. Creio que não será uma surpresa para ninguém que o seu percurso académico possa ser caracterizado como uma via sacra, embora integralmente terrena, na qual as tormentas atingem o zénite da vitimização. Neste contexto, Sócrates alcança um nível de vítima divinal. E não, não é um paradoxo.
Como deputado, secretário de estado-adjunto do Ministério do Ambiente, ministro-adjunto do primeiro-ministro e Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território e Primeiro-Ministro, José Sócrates também foi vítima.
Uma referencia especial deve ser feita a esta pequeníssima circunstância. Sócrates foi eleito como deputado em 1987. A lei impedia que continuasse a exercer funções como engenheiro técnico, contudo, para uma vítima, o que é a lei senão um tormento?
Não é de admirar que a Câmara Municipal da Guarda tenha avisado o pobre coitado quanto à má qualidade e falta de acompanhamento técnico dos seus projectos. Mas não houve punição. Talvez porque a sua condição de vítima já fosse uma flagelação por si só. Talvez?
Não estranhamente também foi mártir nos casos da Cova da Beira, do Freeport e enquanto sócio de Armando Vara (seu camarada de sofrimento).
E, claro, Sócrates não é culpado dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais e corrupção. Não. Ele é uma vítima. E as vítimas não necessitam de justificar 20 milhões de euros.
O que é, ou foi, o suplício de Tântalo perto das agruras de José Sócrates? Indubitável e inquestionavelmente, quando morrer, este vai ser o seu epitáfio:
Vítima (1957 – ????)
Que vá para o raio que o parta!
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