Estado da Nação é o Estado de Obediência
O Estado da Nação, apesar do Primeiro-ministro não ter respondido às perguntas, acabou por ser dos mais esclarecedores dos últimos anos.
António Costa, titular por excelência do poder executivo, evidenciou todo o seu desrespeito pelos deputados, representantes do poder legislativo. A falta de respeito foi directamente dirigida aos deputados da oposição, porém, os deputados do PS acabaram por participar no ridículo ao aplaudir o silêncio do Primeiro-ministro.
Este tipo de postura é ilustrativo do que se passa no âmbito partidário português. O comportamento que é expectável nos partidos dos extremos, o PCP e o BE à esquerda e o Chega à direita, a obediência ao líder, passou também a ser a norma no PS.
Não tenho qualquer dúvida de que António Costa institucionalizou e potenciou as práticas que José Sócrates implementou. O aplauso dos deputados do PS ao triste episódio do Primeiro-ministro a desrespeitar os deputados da oposição diz tudo.
Quem não obedecer ao líder corre o risco de não voltar a ser deputado. E noutros níveis também. Quem não obedecer ao líder não contará com o apoio do PS e/ou não voltará a ser candidato. Nas câmaras e nas freguesias. Seja onde for, seja como for, seja quem for.
Que outra razão explica que os autarcas socialistas tenham aceitado um processo de descentralização que só prejudicará as suas autarquias a médio e a curto prazo? Talvez esperem ter dado o salto para outro lugar ou já tenham atingido o limite de mandatos? Talvez? Independentemente disso, agora obedeceram. Longe vão os tempos do Guilherme Pinto.
7 anos em 3 meses
Após três meses, temos um governo de fim de ciclo. As tensões acumuladas nos últimos sete anos já não são controláveis sem uma cedência final. E essa cedência aconteceu. António Costa é um “líder” a prazo.
O PS é hoje uma manta de retalhos. A vários níveis. Tudo começou com Guterres que, sem possuir características de líder, chegou a líder pelos consensos. E cedeu tanto em nome desses consensos que acabou no pântano.
Os consensos de António Guterres ditaram o esmorecimento do PS democrático. Foi nos Estados Gerais que o PS começou a ser infestado por comunistas e afins, alguns dos quais se infiltraram pela juventude socialista. Foi aqui que começou a desaparecer o PS soarista. Foi também aqui os jovens “garnisés” socialistas começaram a avaliar que capital político tinham para o futuro. E testaram-no desafiando a autoridade de Guterres, que demonstrou ter pouca. Que o diga António Costa. Encostou Guterres à parede e este cedeu.
Com as Novas Fronteiras de José Sócrates o processo acelerou. A influência dos extremistas cresceu dento do PS e foi nesta altura que uma franja do eleitorado passou a ser disputada entre o PS e o BE. Seria expectável que com António Costa o PS regressasse à senda democrática. Contudo, assim não sucedeu. António Costa, rodeado de ex-comunistas e ex-bloquistas, consolidou e ampliou o neo-socialismo de Sócrates. As leis de Sócrates ainda regem. A dívida não é para pagar. E António Costa obedece.
Há sete anos que António Costa é Primeiro-ministro. Nesse período, foi incapaz de governar sem o apoio e as exigências da esquerda radical. Esse apoio levou a que tivesse de pôr o PS democrático na gaveta. António Costa, que sempre negou a deriva socialista para o radicalismo, teve, com a maioria obtida em janeiro último, uma oportunidade para provar que o PS fazia parte do socialismo democrático. Na hora da verdade, António Costa falhou redondamente. Não só aprovou um orçamento de esquerda, como também manteve os representantes do socialismo extremista no seu governo. Pedro Nuno Santos e João Galamba, entre outros, são exemplo, estando o primeiro já há algum tempo a posicionar-se para ascender à liderança do PS. Se ainda não perceberam, Pedro Nuno Santos é o “garnisé” de António Costa.
O problema de Pedro Nuno Santos não se cinge ao seu radicalismo, teimosia e intransigência. Apesar das características de personalidade de Pedro Nuno Santos deverem ser respeitadas, a verdade é que a sua arrogância, prepotência e convencimento de que tem sempre razão não ajudam. Quem tiver o cuidado que analisar o comportamento, a postura e a maneira como se expressa chegará à conclusão de que Pedro Nuno Santos é estruturalmente autoritário. Denota desprezo quando tem de falar com aqueles que não são da esquerda – a democracia e a oposição incomodam-no – e fico sempre com a sensação de que Pedro Nuno Santos não dialoga. Dá ordens.
A sinceridade demonstrada por Pedro Nuno Santos no seu recente acto de contrição público foi notável. Comovi-me como há muito não me acontecia. A repulsa que manifestou foi indisfarçável e acabou por não pedir desculpa aos portugueses. Lamento, mas os arrogantes não procuram redenção. E o que Pedro Nuno Santos quer é o poder. Quer tanto o poder que não se importa de se contrariar, nem de diminuir o Primeiro-ministro para o alcançar.
Ora, segundo António Costa, Pedro Nuno Santos é um Ministro competente e não agiu de má-fé. É por isso que continua no Governo. Meus senhores, acabamos de assistir à tremedeira dos sete anos. E não duvidem que vários pares de pernas tremeram. Pedro Nuno Santos ultrapassou os limites da sua autonomia, desrespeitou o seu chefe de governo e menosprezou o Presidente da República. Apesar das pernas lhe terem tremido, afrontou o “líder” e só foi desautorizado. É António Costa, a quem as pernas tremeram ainda mais, que fica descredibilizado. E será sobre ele que a responsabilidade cairá.
António Costa diz que ele é quem escolhe e demite os ministros, mas não faz nada sem a autorização deles. Costa é o Guterres do século XXI. Foi encostado à parede por Pedro Nuno Santos e cedeu.
Passados sete anos, tudo se revela em três meses. Esta tremedeira é o acumular das tensões resultantes dos consensos de António Costa. O XXIII Governo só tem três meses, mas já é um governo de final de ciclo. Depois deste episódio, a liderança de António Costa vai diminuir ainda mais. Quer no Governo, quer no PS. António Costa é um “líder” a prazo.
Tudo porque desta última cedência de Costa, numa conversa de 45 minutos em São Bento, foi muito provavelmente acordado que António Costa se vai embora antes do fim da legislatura e Pedro Nuno Santos será o sucessor.
Todavia, a última palavra será de Marcelo Rebelo de Sousa.
Brevemente num Observador perto de si!
Sobre o copy paste do programa de governo
O PS pegou no seu programa eleitoral e transformou-o num programa de governo.
1. Desadequação: Um programa eleitoral pensado para atingir o PCP e o BE eleitoralmente não está em conformidade com as exigências da realidade;
2. Descontextualização: Não tem em consideração as consequências da guerra na Ucrânia, nem as implicações da inflação na vida dos portugueses;
3. Desinteresse: Sabendo-se que agora se verificam outros condicionalismos, tendo o PS maioria absoluta, a teimosia em fazer um “copy paste” só pode ser interpretado como desinteresse ou incapacidade para responder às circunstâncias- Eventualmente pode significar ambas.
Sendo possível caracterizar o programa de governo do XXIII Governo por estes 3 D’s – desadequação, descontextualização e desinteresse –, é este um sinal sobre o tipo de leitura da realidade, da abertura dialogal e da responsabilidade que podemos esperar do Governo?
Este programa parece ser mais do PCP e do BE do que do PS. Os pressupostos gerais demonstram uma clara intenção de intervencionismo directo, a vários níveis, do que de regulação. Para além disso, a maioria das propostas apresentadas implicam um aumento da burocratização como se Portugal já não fosse um país excessivamente burocrático. O que os agentes económicos necessitam é de mais simplificação normativa, baseada em clareza e transparência.
Adicionalmente, é impossível não notar uma postura ideológica que provoca um notório desequilíbrio, direi até permanente, entre as obrigações e responsabilidades que cabem as ambas as partes que estabelecem um qualquer vínculo contratual.
A sério que estão admirados?
Estão mesmo admirados por o Fernando Medina comentador poder comentar o Fernando Medina político?
Já se esqueceram do Mário Centeno governador do Banco de Portugal a comentar as políticas do Mário Centeno ministro das Finanças?
A esquerda combate a corrupção
Depois das críticas que a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção 2020-2024 foi alvo, principalmente por não considerar o enriquecimento ilícito e por ter deixado cair as mudanças no Tribunal Central de Instrução Criminal, o Governo disse que daria atenção as observações públicas de desagrado por estar comprometido com o objectivo de mais transparência e com as práticas de boa governança.
Não tenho a menor dúvida que é por essa razão que o regime de prevenção da corrupção isenta políticos e órgãos de soberania.
É inquestionável que a opinião de Cândida Almeida – “Portugal não é um país corrupto” -, em que os conceitos conceito sociológico, ético-político e as coisas afins não têm materialização ou aplicação jurídica, principalmente quando enquadradas e praticadas pelos decisores públicos ou, se preferirem, pelos decisores políticos eleitos e/ou nomeados, opinião que foi apoiada e suportada pelos actos de Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento, é hoje doutrina oficial dos governos socialistas.
Posso estar enganado, mas parece-me que estas opções pouco diferem daquilo que era a postura característíca do Estado Novo relativamente à corrupção e que a esquerda portuguesa, incluindo o PS, tanto criticou.
Post-Scriptum: Espero, sinceramente, que a notícia do Público não se venha a confirmar.
Mais promessas por cumprir
Mais uma vez, o Primeiro-Ministro dá com a cara no chão. Promete, promete, promete, mas quase nada se concretiza, Após sucessivas garantias de que o plano de vacinação ia correr bem, incluindo com a sua garantia pessoal a Miguel Sousa Tavares – “vai correr bem (…) tem que correr bem (…) só pode correr bem” – a realidade, com um forte contributo dos camaradas socialistas, voltou a desmentir António Costa. Os abusos às regras sucedem-se e, apesar do que o Primeiro-Ministro afirma, não deve haver quem realmente tenha uma certeza concreta sobre o número real de vacinados. Mas oxalá esteja enganado.
O que se está a passar é absolutamente crítico. O próprio governo reconheceu a importância do plano de vacinação para combater a pandemia. Assim, o seu sucesso era fundamental para que gradualmente fosse mitigado o esforço a que estão a ser sujeitos todos os meios de saúde do país e que o retorno à normalidade acontecesse o mais depressa possível.
Apesar do Ministério da Saúde e das entidades dele dependentes, como a Direcção-Geral da Saúde (DGS) e a sua Directora, o Governo tem autonomia para criar Task Forces para coordenar assuntos específicos. Contudo, ao delegar esta competência num organismo autónomo, sem o devido acompanhamento e apoio institucional, a probabilidade do não reconhecimento de autoridade é alta. Foi o que se passou neste caso.
Perante os abusos, a Task Force pouco conseguiu para os contrariar. Para além disso, este tipo de delegação também esvazia de razão o papel da DGS. Isto não é de somenos e deve ser objecto de reflexão. Neste ponto, igualmente deve ser questionado o desaparecimento de Graça Freitas. O Governo perdeu a confiança na sua gestão? Seja como for, não é aceitável que a responsabilidade pelos erros recaia apenas sobre a Task Force. E se o Ministério da Saúde não está disponível para o efeito, terá de ser o Primeiro-Ministro a fazê-lo.
Pedro Nuno Santo acusa António Costa.
“Tu quoque, Brute, fili mi”
António Costa gosta de se dar com Deus e com o Diabo. Conheço algumas pessoas assim. Nunca é boa ideia. A ideia que acaba por ser transmitida é tibieza, indecisão e fragilidade, e nem a aparente tentativa duma eventual aplicação da máxima de Mário Puzo é sustentável. O diálogo é algo indispensável em democracia, mas aquilo que defendemos, e que representamos, a matriz ideológica e os valores, jamais devem ser objecto de questionamento, principalmente pelos nossos adversários, especialmente em alturas que requerem conversações governativas.
Já o escrevi e repito-o. Guterres, inconscientemente, iniciou o fim do PS de Mário Soares, que, na minha opinião, era democrático. Sócrates e Costa enterraram-no. Pelo meio, um pequeno canto do cisne com António José Seguro, mas hoje é indiscutível que PS de Costa virou à esquerda. Há uma diferença entre o socialismo democrático e o totalitário. Porém, Pedro Nuno Santos critica uma viragem do PS ao centro preferindo que o socialista se mantenha no extremo.
Pedro Nuno Santos é alguém que podia ser do BE. Aliás, apoia-se em pessoas que vieram da extrema-esquerda, como Ana Gomes e Tiago Barbosa Ribeiro, um ex-bloquista. Ou seja, Pedro Nuno Santos, que ideologicamente está ainda mais à esquerda do que António Costa, critica o seu líder de governo por ter ajudado ao crescimento do Chega. Imaginem o significado para o Chega dum PS com Pedro Nuno Santos como secretário-geral?
Também já o disse anteriormente e vou reiterar. Todos estes jogos evidenciam que a possibilidade de um novo bloco central não é descabida. Não acredito que nenhum partido ganhe as próximas legislativas com maioria absoluta. Também acho que está em aberto qual partido que ganhará essas eleições. Nesse cenário, de um vencedor sem maioria absoluta, uma das maneiras de António Costa e de Rui Rio manterem o poder é com uma coligação governamental, solução que também lhes permitirá eliminar a oposição interna. Vai ser interessante seguir o próximos desenvolvimentos.
Seja como for, estamos num ponto de viragem. Ainda bem.
Simples incompetência

Pedro Nuno Santos, economista de formação, é a personificação da incompetência. Confunde receitas com lucros.
Esta afirmação é exemplificativa do seu desnorte. Não há nenhuma argumentação lógica que justifique a teimosia de Pedro Nuno Santos relativamente à TAP. Trata-se, pura e simplesmente, duma cegueira ideológica aliada a uma incapacidade para reconhecer erros.
(Se ao menos tivesse usado o argumento que utilizou para justificar a escolha da sua mulher – o amor, neste caso, à TAP – talvez conseguisse levar a água ao seu moinho)
Perante esta tamanha intransigência, crónica, diga-se, e tendo em mente lista de negócios ruinosos que já fez em nome do povo português, não é difícil chegar à conclusão que Pedro Nuno Santos só poderá ser gestor público, onde não corre o risco de falência.
Se Pedro Nuno Santos fosse gestor privado, ou já tinha ido à falência, ou teria levado a empresa de alguém à falência.
Várias vezes!
Lucros privados, prejuízos privados

Não é nada estranho que os liberais pensem assim. O que é de admirar é a atitude da esquerda em persistir que sejam os portugueses a suportar a gestão dum banco privado.
O Socialismo e a intransigente defesa da legalidade.
No Estado Novo havia corrupção, leis feitas à medida, cartéis. E não existia liberdade, responsabilidade, ética. É deveras curioso mas, considerando a realidade de 2018, devemos viver no Estado Velho!
Algumas notas introdutórias são necessárias para a compreensão desta reflexão. Primeiro, ética tem origem na palavra grega ethos que significa «costume superior» ou «portador de carácter» abrangendo pensamento e comportamento. Segundo, a maioria das pessoas desconhece que Adam Smith antes da Riqueza das Nações escreveu a Teoria dos Sentimentos Morais, cujo objecto de análise é a filosofia moral através do carácter. Sendo complementares não é possível dissociar os conceitos destas duas obras. Terceiro, a liberdade é um valor e não um instrumento ou um mecanismo. A liberdade é o mais alto dos valores e dela decorre toda a responsabilidade.
Sabemos que o socialismo opta pela igualdade em detrimento da liberdade. Ora, exigindo a liberdade responsabilidade e responsabilização, esta não é possível sem sustentação ética. Logo, a ética não é um requisito fundamental para o socialismo.
Meu artigo no Observador. Podem continuar a ler aqui!
Temos veto presidencial!
O Presidente da República deu ao Primeiro-ministro uma possibilidade para sair bem desta pouca-vergonha. Todavia, António Costa declinou. A hipótese de sanear as contas do PS à custa do dinheiro dos contribuintes falou mais alto.
Marcelo Rebelo de Sousa decidiu muito bem.
Tendo em conta a forma deste diploma, lei orgânica, só a aprovação por uma maioria de dois terços dos deputados pode ultrapassar o veto.
Vamos ver como se comportam agora aqueles que aprovaram as alterações à lei do financiamento dos partidos e que posteriormente as criticaram.
Para além disso, também o PSD terá uma nova liderança …
2017 … em jeito de balanço
(Foto Observador)
Em 2017, Portugal continuou a experimentar a falta de austeridade fiscal da geringonça. António Costa, e os seus apoiantes parlamentares da esquerda, apregoam aos sete ventos que as condições e realidades do país são outras, mas, sem qualquer cuidado estrutural, aumentam as comparticipações sociais como se não houvesse amanhã. Assim, em 2017, arrecadaram-se impostos como nunca até então. Disfarçados, diga-se, porque se devem ao aumento dos impostos indirectos. Ou seja, a geringonça diz que a austeridade é passado, mas a nível fiscal nunca foi presente ou sentida.
Para o Primeiro-Ministro, 2017 foi um ano saboroso. Para os portugueses foi dantesco. A governação digital, que visa exclusivamente as redes sociais, atingiu o seu zénite. Esta, aliada ao aumento de despesas direccionadas para coisas supérfluas, como o emprego partidário no Estado, e a pressupostos integralmente ultrapassados que apenas servem para justificar as decisões de António Costa enquanto ministro de anteriores governos – SIRESP, Kamovs e afins – tem destas coisas. Para além de originar um crescente distanciamento entre governo e governados, entre virtualidade e realidade, provoca discrepâncias entre o timing e a aplicação das decisões. Como tal, Portugal teve a “pior época de incêndios” da sua história. Ignorando avisos desde 2009, e apesar da promessa que fez de “acabar com os incêndios” em 2016, o Primeiro-Ministro viu-se a braços com o ano mais trágico de sempre. Mais de 100 vítimas humanas, sendo que as de outubro poderiam ser sido evitadas se os pressupostos do governo, que demonstraram já estar errados em Junho, não tivessem sido mantidos. Claramente, António Costa não gosta de reconhecer erros. Como tal, manteve Constança Urbano de Sousa como Ministra da Administração Interna até ter sido obrigado a demita-la, manteve Azeredo Lopes como Ministro da Defesa depois de várias trapalhadas, incluindo o episódio do furto e da multiplicação do material de guerra de Tancos e, mais recentemente, manteve a confiança em Vieira da Silva depois do conhecimento do caso “Raríssimas” e de outros “favorecimentos” financeiros que envolvem familiares deste ministro. E, na sequência deste caso, os portugueses interiorizaram que estas situações são habituais. O que nos leva à seguinte ponderação: Durante o Estado Novo havia nepotismo, favorecimento ilícito, corrupção, leis feitas à medida, cartéis, etc. Então, considerando a nossa realidade, devemos viver no Estado Velho!
(Numa breve nota virada para o futuro, parece-me que António Costa está cansado da geringonça e que está a aguardar pela futura liderança do PSD).
Sobre o BE e o PCP pouco à dizer. Os partidos antidemocráticos não são pluralistas e não gostam de mudança. O PCP é imutável e o BE que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, continua a ser dirigido por Francisco Louçã estão envolvidos numa disputa sindical que poderá ter consequências muito graves no futuro da Autoeuropa. Para além disso, acresce que ao apoiarem parlamentarmente o governo de António Costa e tendo em mente as propostas (e chantagens) que fazem, BE e PCP passaram a ter responsabilidades pelas decisões governativas.
Os resultados das legislativas de 2015 nunca foram bem aceites pelo PSD. Enquanto oposição, a capacidade de Pedro Passos Coelho e do PSD chegar aos portugueses diminuiu consideravelmente. A comunicação foi francamente má e a gestão dos sociais-democratas nas eleições autárquicas foi desastrosa. Na sequência das mesmas, demonstrando sentido de responsabilidade, Pedro Passos Coelho decidiu não se recandidatar à liderança do PSD. Esta decisão abre caminho a uma possível união interna. Todavia, tendo em mente a postura das duas candidaturas, tal não parece vir a acontecer. Como tal, a fragmentação e divisão interna que se verifica no PSD desde que Manuela Ferreira Leite foi eleita líder do PSD, irá manter-se.
Contrariamente ao PSD, o CDS reagiu melhor aos resultados de 2015, e, sob a liderança de Assunção Cristas o partido transfigurou-se. 2017 foi, para o CDS, um ano espetacular. Para além do excelente resultado que alcançou nas últimas autárquicas, o CDS, juntamente com o PAN, esteve do lado certo ao não votar favoravelmente as alterações que foram feitas à lei do financiamento dos partidos políticos. Habitualmente, os partidos políticos são incapazes de reconhecer uma réstia de mérito nas propostas que são feitas pelos seus adversários. Contudo, não há dúvida que o dinheiro que os partidos recebem dos contribuintes portugueses é milagroso. Uniu o PS, PSD, PCP, Bloco e PEV!
No entanto, nem tudo é mau na política portuguesa. Os cidadãos começam a mobilizar-se e a organizar-se. Rui Moreira constituiu uma associação cívica “Porto, o Nosso Movimento”, visando a intervenção cívica dentro e fora da cidade do Porto. Claramente, este projecto possuiu potencial partidário. Pelo menos, mais do que a outra associação recentemente criada, a “Associação Por uma Democracia de Qualidade”, fundada por António Mocho, Henrique Neto, José António Girão, José Ribeiro e Castro, Luís Alves Monteiro e Luís Mira Amaral.
Por fim, Portugal tem um partido liberal. A Iniciativa Liberal (IL) é o vigésimo segundo e o mais recente partido político português. Como já referi, uma das grandes vantagens que a decorre daqui é que a existência dum partido liberal irá ajudar a clarificar o espectro partidário português. Trata-se, portanto, duma alteração sistémica e do colmatar duma lacuna no espectro político português. Para além disso, a IL é um partido liberal que reconhece o valor do liberalismo social.
Com mais ou menos rostos novos, a acção política promete em 2018!
Olhe que não, Ana Catarina Mendes, olhe que não…
Cara Ana Catarina Mendes,
Desculpar-me-á por deixar os títulos de lado. Afinal, todos os temos. E, uns mais do que outros, temos orgulho nos mesmos. Para além disso, não há títulos no momento da existência e todos nascemos nus. Sim, está a ver bem. Nus! Porque despidos implica que a alma já escureceu e que o corpo já dobrou colunas. É por isso que é gosto do momento do nascimento: a coluna ainda está intacta.
Perdoar-me-á igualmente pelo meu tom mais descontraído. Não se trata de nenhum excesso de confiança. Não! Pode ficar descansada. Não estou interessado em tal condição. O meu à-vontade resulta mesmo de lhe pagar o salário. As subvenções também, mas essas, eventualmente, apenas indirectamente. Neste caso o salário é que importa e, esse, tenho a certeza que lho pago.
Não me irei alongar, apesar de estupefacto e incrédulo perante a sua crença e certeza nas parvoíces que afirmou sobre as alterações agora aprovadas à lei do financiamento dos partidos, nas minhas considerações sobre as suas afirmações. Sobre as mesmas direi: Olhe que não, Ana Catarina Mendes, olhe que não…
Contudo, há algo que não posso deixar de perguntar. Repare que dou de barato que não saiba que isenção (fiscal) implica menos receita (fiscal), embora me questione porque razão alguém que desconhece esta simples relação legisla sobre fiscalidade? Já tenho alguma dificuldade em aceitar que se confunda cofres do estado com cofres do partido porque se os partidos vão passar a ter menos despesa com o IVA, serão os seus cofres, e não os do Estado, que terão mais dinheiro. Mas o que realmente me espanta é a sua negligência relativamente aos processos do partido socialista no Tribunal Administrativo e Fiscal.
Daí a minha pergunta: A lei aplica-se ou não aos processos no Tribunal Administrativo e Fiscal?
Cordialmente,
Vicente Ferreira da Silva
P.S.- Os restantes partidos que aprovaram esta lei também deve responder a esta questão.
Do despudor galambiano
Estruturalmente antidemocrático e desprovido que qualquer pudor, João Galamba, cujo principal valor advém da capacidade de propagandear e de deturpar a realidade, é o exemplo perfeito do seguidista fanático. A verdade, a realidade, são secundárias perante o interesse do partido.
Incapaz de reconhecer erros, tanto os seus como o dos seus correligionários, João Galamba utiliza a diversão como principal estratégia, sustentando as suas declarações no ataque sistemático ao carácter ou nas teorias da conspiração. Por norma, a argumentação galambiana não possui substância. E não é de estranhar que assim seja, pois no seu conteúdo não se vislumbra ética, moral ou integridade.
João Galamba já tem um longo rasto de episódios reprováveis. A questão dos ajustes directos é um exemplo. Outro são as declarações sobre a intervenção que o Presidente da República fez após os incêndios de Outubro último. Contudo, com a reacção ao caso Raríssimas, João Galamba atinge um nível até agora inalcançado. Para João Galamba, o problema não é o tráfico de influências nem a corrupção. O problema é terem denunciado as práticas dum governo socialista.
Não duvidem. João Galamba ainda vai chegar a ministro. Ele bem tenta!
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