Estado da Nação é o Estado de Obediência
O Estado da Nação, apesar do Primeiro-ministro não ter respondido às perguntas, acabou por ser dos mais esclarecedores dos últimos anos.
António Costa, titular por excelência do poder executivo, evidenciou todo o seu desrespeito pelos deputados, representantes do poder legislativo. A falta de respeito foi directamente dirigida aos deputados da oposição, porém, os deputados do PS acabaram por participar no ridículo ao aplaudir o silêncio do Primeiro-ministro.
Este tipo de postura é ilustrativo do que se passa no âmbito partidário português. O comportamento que é expectável nos partidos dos extremos, o PCP e o BE à esquerda e o Chega à direita, a obediência ao líder, passou também a ser a norma no PS.
Não tenho qualquer dúvida de que António Costa institucionalizou e potenciou as práticas que José Sócrates implementou. O aplauso dos deputados do PS ao triste episódio do Primeiro-ministro a desrespeitar os deputados da oposição diz tudo.
Quem não obedecer ao líder corre o risco de não voltar a ser deputado. E noutros níveis também. Quem não obedecer ao líder não contará com o apoio do PS e/ou não voltará a ser candidato. Nas câmaras e nas freguesias. Seja onde for, seja como for, seja quem for.
Que outra razão explica que os autarcas socialistas tenham aceitado um processo de descentralização que só prejudicará as suas autarquias a médio e a curto prazo? Talvez esperem ter dado o salto para outro lugar ou já tenham atingido o limite de mandatos? Talvez? Independentemente disso, agora obedeceram. Longe vão os tempos do Guilherme Pinto.
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