Na base do conhecimento está o erro

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Chantagem nuclear

Penso que o objetivo estratégico de Putin continua a ser a divisão do Ocidente.

Apesar de ser imperioso ter alguma prudência, creio que é essencial que o Ocidente se mantenha unido e espero que assim aconteça. Digo isto consciente dos sacrifícios que estão implícitos nesta posição.

Uma escalada para um conflito nuclear é possível. Porém, qual será o significado que emergirá daqui se perante esta “chantagem nuclear” a resolução do Ocidente esmorecer? Que efeitos devemos considerar?

Para além de se estar a dar tempo a Putin para se rearmar, para se reagrupar e para se consolidar internamente, quando Putin voltar a seguir estes caminhos, algo que não deve ser desconsiderado se tivermos em mente o padrão de comportamento demonstrado desde a intervenção russa na Geórgia, vamos ficar de braços cruzados perante uma nova chantagem nuclear?

Algo que era praticamente impossível há uns tempos – dois lados dentro do regime de Putin – é hoje uma possibilidade.

Isto não significa que a resistência ucraniana e o apoio do Ocidente à mesma não está a ter efeitos positivos?


Bucha – Crime de guerra

The Canadian Press

Haverá palavras para classificar os actos dos soldados russos aos civis ucranianos?
Haverá palavras para classificar o que aconteceu em Bucha?

Há duas coisas que são características da espécie humana. Apesar de sabermos, e de até reconhecermos, que a História é o maior dos professores, tendemos para não aprender as suas lições e para mimetizar os erros outrora cometidos.

A 12 set 2020, publiquei um artigo no observador intitulado Do(s) genocídio(s) soviético(s) – o massacre de Katyn. Nele relembrei algumas das atrocidades cometidas, a mando de Estaline.

“Há oitenta anos, pondo em prática ideias defendidas de Marx e Engels, ideias que Estaline aplaudiu e comentou em Os fundamentos do Leninismo (1924), a polícia secreta soviética, na altura conhecida por Comissariado do Povo para os Assuntos Internos (NKVD), executou cerca de 22 mil soldados e cidadãos polacos. Sob as ordens de Laventri Beria, comandante do NKVD, o genocídio, aprovado pessoalmente por Estaline e por Vyacheslav Molotov, Kliment Voroshilov e Anastas Mikoyan, membros do politburo soviético, ocorreu entre abril e maio de 1940.

O exército vermelho, sustentado nos termos acordados no Pacto [Molotov–Ribbentrop], invadiu a Polónia a 17 de setembro, e, devido às instruções dadas pelo governo polaco, praticamente não encontrou oposição. Dois dias depois, sob a orientação de Beria, agentes e colaboradores do NKVD, construíram uma série de campos de detenção onde foi feita uma elaborada identificação e selecção dos prisioneiros. Paradoxalmente, a triagem feita pelos soviéticos foi facilitada pelo próprio sistema de recrutamento polaco que referenciava, como oficiais da reserva, todos os jovens que terminassem o curso universitário. Deste modo, não foi difícil ao NKVD prender igualmente milhares de elementos da intelligentsia polaca.”

Seria expetável que as barbáries cometidas no passado não voltassem a ser repetidas. Infelizmente…

O que se tem passado na Ucrânia, particularmente em Bucha, poderá não ser classificado como um genocídio, mas não há qualquer dúvida que é a manifestação de um comportamento desumano que é perfeitamente identificável como crimes de guerra.


Putin e os Referendo(s)

Não tenho qualquer dúvida que Putin aceite o resultado da consulta na Crimeia.

Mas, aceitará sequer que as regiões russas descontentes com Moscovo possam realizar semelhante iniciativa?

 


Vladimir Putin ou Vlad, the Puti(deto)nator

A Rússia está a fazer na Ucrânia, mais ou menos o que fez na Geórgia.
Alguém se lembra o que a comunidade internacional fez sobre Abcásia e da Ossétia do Sul?
Então, a pergunta é: desta vez, qual será a reacção da Comunidade Internacional?

Penso que devemos considerar a possibilidade de Putin se julgar como o herdeiro de Pedro, o Grande. É uma possibilidade. Sobre Putin ser corporativista, disso não tenho qualquer dúvida.

Já referenciei várias vezes o Testamento de Pedro, o Grande. Mas, como também já afirmei, apesar de ser um documento duvidoso, algo que não pode ser negligenciado, não é possível deixar de ver coincidências entre aquilo que nele consta e a actuação da política externa russa, independentemente dos regimes. Nem durante a União Soviética, os objectivos deixaram de ser território e influência.

Dito isto, não acredito que Putin fique por aqui.

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Russia is doing in Ukraine more or less what it did in Georgia.
Does anyone remember what the international community did about Abkhazia and South Ossetia?
So, the question is: this time, what will be the international community reaction?

I think we should consider the possibility of Putin judging himself as the heir of Peter the Great. About Putin being a corporatist, of that I have no doubt.

I have referenced the Testament of Peter the Great several times. But, as I have also affirmed, despite being a dubious document, something that cannot be neglected, it is impossible not to see coincidences between what it contains and Russia’s foreign policy performance, regardless of the Russian regimes. Not even during the Soviet Union, the objectives ceased to be territory and influence.

That said, I do not believe that Putin will stop here.