Os efeitos da robótica não se limitarão à perda de empregos pelos humanos, à aplicação de impostos sobre máquinas ou à eventual introdução dum rendimento básico universal. Há muito mais a considerar.
Francis M. Comford, no ensaio Plato’s Commonwealth (1935), observou que a morte de Péricles e a Guerra do Peloponeso originaram uma separação, irreversível, entre o entendimento dos homens do pensamento e dos homens da politika sobre os princípios de governação da polis. Hannah Arendt aprofundou esta questão (‘The Human Condition’, 1958), ilustrando-a, embora superficialmente conforme a própria reconheceu, com a diferença entre imortalidade e eternidade. Para os gregos, a mortalidade dos homens emerge da sua condição biológica, característica única num universo onde tudo é imortal. Todavia, apesar desta condição, os homens são capazes de registos indeléveis. Já a eternidade requer a centralidade da contemplação metafísica como condição sine qua non, sem a “perversão” de qualquer indício da vita activa, para o atingir da singularidade perfeita.
As implicações do desenvolvimento tecnológico na sociedade, considerando, entre outros, progressos em áreas como a medicina, biotecnologia, nanotecnologia e inteligência artificial (IA), e a frágil preparação dos nossos representantes eleitos relativamente aos possíveis efeitos desta (r)evolução não auguram um bom futuro.
Meu artigo no Observador. Podem continuar a ler aqui!
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2018-03-21 | Categories: ciência, cidadania, conhecimento, curiosidades, estado, opinião, responsabilidade | Tags: aumento de inteligência, consciência, imortalidade, inovação, inteligência artificial, observador, sociedade, tecnologia, transumanismo | Leave a comment
É urgente olhar para o mundo que nos rodeia com olhos de ver.
Acabaram-se os empregos duradouros e também vão terminar os empregos de 5 anos. Aliás, muito provavelmente, os meus filhos irão trabalhar em actividades e/ou funções que ainda não foram desenvolvidas e/ou criadas.
A transitoriedade é inevitável. E esta condição não decorre do capital ou da exploração. Decorre do avanço tecnológico! O mundo já não é o dos nossos pais. E não será o dos nossos filhos ou netos. A robótica e a inteligência artificial (IA), entre outros campos, irão (r)evolucionar o mundo.
O que fica em aberto é o seguinte:
Paralelamente aos progressos que se verificam na conjugação da IA com a robótica, assistimos a evoluções na imunologia, biotecnologia e neurologia, entre outros campos, que irão, simultaneamente, prolongar consideravelmente a esperança de vida dos humanos, mantendo ou desenvolvendo a suas capacidades cognitivas.
Desta circunstância, aliada aos pressupostos inerentes à sustentabilidade da segurança social, decorre a necessidade de as pessoas terem de se reformar mais tarde. E possuirão capacidade para tal.
Pergunta:
Tendo em mente que estes dois fenómenos poderão ser antagónicos – IA e a robótica desempenharão tarefas que poderiam ser executadas por pessoas que terão de trabalhar mais tempo – e considerando que o rácio da segunda lei da termodinâmica tende a aumentar, pensa(m) que estas alterações irão acontecer naturalmente ou que iremos viver um período de ruptura e convulsão sociais?
Será que a próxima guerra vai ser por empregos?
P.S. – Outra reflexão sobre a transitoriedade: No limiar duma (r)evolução?
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2010-09-26 | Categories: cidadania, conhecimento, curiosidades, economia, estado, globalização, liberdade, opinião, portugal, relações internacionais, responsabilidade | Tags: conhecimento, emprego, futuro, globalização, informação, mentalidade, portugal, responsabilidade, segurança social, sociedade, tecnologia | 1 Comment
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