Na base do conhecimento está o erro

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Quais serão os custos desta reestruturação?

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António Costa decidiu-se por uma “reestruturação” da dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Assim, em 2016, apenas um terço do montante anteriormente acordado será pago ao FMI.

Isto significa que o Governo terá uma folga suplementar de 6,7 mil milhões de euros. Obviamente, esta decisão implica encargos. E que encargos serão esses?

Menor flexibilidade orçamental no futuro e aumento dos juros.

Posso imaginar que estes 6,7 mil milhões extras possam ser utilizados para iludir os portugueses com manobras de propaganda quanto ao défice ou afins. Lamento que  esta decisão provoque a permanência do FMI em Portugal por mais tempo. Mas, acima de tudo, pergunto-me se António Costa acredita que vai cumprir a legislatura até ao fim? É que apesar desta decisão permitir alguma flexibilidade agora acabará por provocar alguns dissabores na gestão orçamental dos próximos anos.

Tendo em mente a habitual postura socialista, o expediente aqui referido – adiar o pagamento dos compromissos assumidos – e considerando que António Costa quer completar o  mandato do seu governo, qual destas alternativas irá ser utilizada pelo Primeiro-ministro:

  • honrar os pagamentos ao FMI, segundo o calendário que agora foi revisto?
  • ou adiar os pagamentos para o fim da legislatura e deixar que o próximo governo resolva os problemas?

 


Sobre o FMI e a reforma do Estado

Há anos que defendo uma reforma do Estado e uma adequação da CRP aos dias de hoje.
Foi fácil perceber que os nossos representantes eleitos dificilmente teriam essa iniciativa.
Assim, a ser verdade, ainda bem que especialistas estrangeiros (FMI) são consultados com esse fim.
Vou esperar pelas sugestões/modificações que vão apresentar para fazer a minha análise crítica e as minhas observações.

P.S. – Espero que finalmente todos os titulares de cargos públicos, particularmente os deputados e autarcas, passem a ter o mesmo limite constitucional de mandatos que é imposto ao Presidente da República. A primeira reforma/renovação do Estado passa por aqui.


Pois é … com o mal dos outros podemos nós

No dia 10 de Outubro de 2010, neste post, coloquei uma hipotese verdadeiramente idealista, alguns dirão utópica, cujo efeito seria a minimização do espectro do desemprego (em tempos de crise) e das consequências dele provenientes.

No entanto, no que eu qualifico como um acto de boa gestão, o responsável da empresa onde trabalho teve precisamente essa postura.
É claro que há um choque momentâneo pela redução do salário (não estivessemos nós formatados para o eu), mas quando vemos que os colegas de trabalho – independentemente do grau de amizade com qualquer um – continuam todos a trabalhar, esse choque acaba por se diluir.

Como referi, do aumento do desemprego advém algumas circunstâncias. Uma delas é esta:
Vítor Gaspar: há uma “incerteza considerável” sobre as contas da Segurança Social

Como é que diz o ditado popular?
Com o mal dos outros posso eu bem?
Não deviamos.


Há quanto tempo não digo isto?

Para resolver os problemas que nos afectam, a adopção de soluções conjunturais nunca será suficiente.
Quanto mais não seja, os últimos 37 anos deviam ensinar-nos isso.

“Não deve haver dúvida que estes programas, particularmente da Grécia e de Portugal, [países] que têm problemas estruturais profundos, vão falhar se forem só de consolidação orçamental e desalavancagem financeira”.

Todo este esforço, que foi pedido aos portugueses e que estes estão a passar, poderá ser em vão se o essencial não for feito. Reformas estruturais, bem delineadas e organizadas, em vez de acções de cosmética, são primordiais para o futuro de Portugal.

Mais uma vez repito. Não me venham falar em pactos de regime.

O estabelecimento de objectivos e metas a atingir num prazo definido (por exemplo, 10 anos), adaptáveis ao evoluir das circunstâncias, tem que ser um desígnio nacional, suprapartidário, que todos representantes eleitos deviam cumprir (independentemente dos seus programas e promessas eleitorais, que implicam mudanças legislativas, frequentemente contraditórias, cada vez que se verifica uma troca no partido que governa).

P.S. – Desculpem puxar a brasa à minha sardinha, mas há quanto tempo não digo isto? Há quanto tempo não escrevo sobre isto?


Até que enfim!

Não creio que o referendo decidido pelo governo grego seja uma má ideia. Até considero que é uma brilhante posição política.

Papandreou, através do referendo, apenas permite ao povo ser ouvido e partilha com a população a responsabilidade.
Trata-se de democracia em acção.

Quais são os efeitos desta decisão?
Internamente, qualquer que seja o resultado do mesmo, irá clarificar a situação e pode muito bem acalmar a população, permitindo que o executivo grego – este ou outro – possa trabalhar em paz. Na falência ou não.
Externamente, como não me parece que a saida da Grécia do euro seja por si só suficiente para o colapso do sistema, creio que servirá para aliviar a pressão sobre os restantes países e levará à concentração de esforços.

Sim, é verdade que os mercados já se estão a manifestar. Mas deixariam de o fazer? É evidente que não. Podem é estar a perder a possibilidade de continuar a fazer tanta especulação.

Por fim, se, eventualmente, a população grega preferir sair do euro também é melhor que o faça já.

P.S. – verdade seja dita, estava a ser exigido ao Governo grego fazer o que nem Merkel ou Sarkozy seriam capazes de fazer! Independentemente disto, também há aqui uma quota de chantagem.


Não há palavras!

O PCP, BE e os Verdes recusaram o convite que lhes foi endereçado pela Troika (FMI, Comissão Europeia e BCE) para uma reunião.

Pelos vistos, para estes representantes eleitos dos cidadãos, os compromissos do Estado não são para cumprir.
Talvez julguem que não terão de honrar a dívida?
Talvez considerem que, em determinados momentos, não vivem em Portugal?
Talvez encarem alguns assuntos do país menores e sem importância?

Não há palavras (nem paciência) para este tipo de comportamento.


A melhor maneira de trazer o FMI

Não contando com o instinto político do próprio (que é considerável), mas tendo em consideração que algumas vozes já se manifestavam em surdina e que, externamente, a pressão tornou-se insustentável, José Sócrates encontrou a melhor maneira de fazer com que o FMI se instale, temporáriamente, em Portugal.

Negociou acordos sem dar cavaco às tropas (leia-se, oposição, Presidente da República e o próprio partido) sabendo que os mesmos não seriam aprovados no Parlamento, para precipitar uma crise política com a sua demissão.

Consequentemente, pode acusar a oposição de “causadores” da crise e da entrada do FMI no país, consegue que terceiros (leia-se, o FMI) assumam a responsabilidade pela tomada de medidas que ele não teve a coragem para tomar, a credibilidade do país perante o exterior melhora, e, caso vença as legislativas antecipadas, terá alguma folga para governar.

Será?


Que futuro?

Desemprego e confrontos sociais é o que nos espera!

Já era previsível. Mas, agora quem o diz é do FMI (aqui).

 


Em quem acreditar?

José Sócrates, o nosso Primeiro-Ministro, afirma hoje “que o défice orçamental de 2010 se deverá situar abaixo dos 7,3% previstos, superando as expetativas do Governo” e que o Governo tem uma folga de 800 milhões, pelo que “Portugal não vai pedir ajuda por que não é necessário”.

(aqui)

Já o jornal Público, noticia que os “Preparativos para ajuda do FMI a Portugal já começaram”, apenas existindo dúvidas quanto à(s) data(s).

(aqui)

Em quem acreditar?


Intervenção

(capa jornal i)

 Há demasiados interesses a exigi-lo. Até o nacional!

Vai haver uma intervenção em Portugal.
Mas, de que tipo?


E depois dos 7,5%?

Depois de os juros da dívida pública portuguesa (a 10 anos) terem ultrapassado os 7,5%, é provavel que este valor diminua e que se estabilize na orla dos 6-6,5%, o que continua a não ser bom para Portugal, mas que nos permitirá respirar um pouco.

Então, quais são os problemas e os cenários que se podem considerar?

Entre vários, um deles será a continua persistência do Governo de José Sócrates na cegueira e na recusa da diminuição da despesa, o que provocará um aumento dos juros da dívida pública portuguesa e a uma pressão reforçada para a necessidade de Portugal recorrer à ajuda financeira europeia e na vinda do FMI ao nosso país.

Nem José Sócrates nem Teixeira dos Santos perceberam (ou querem perceber) que os mercados não confiam neles. E, para o bem e para ou mal, são os mercados que nos financiam.

Até lá, os “boys” e afins, continuarão a encher o bolso sem qualquer tipo de impedimento moral, ético ou solidário. 

Muito naturalmente, mesmo quando o FMI já estiver em Portugal, quem nos conduziu a esta situação irá continuar a enjeitar as suas responsabilidades e tudo dirá e fará para se manter no poder.

Tudo isto são hipóteses. Vamos ver como vai correr a próxima emissão de dívida que o Governo tem agendada.

Se o nosso país for obrigado a aceitar juros altos, tenho sérias dúvidas que os grandes países europeus fiquem impávidos e serenos. Há coisas maiores que o nosso país em jogo.

A Grécia e a Irlanda já estão. Faltam Portugal e a Espanha, para não falar de outros. Mas a ordem será quase de certeza esta. E até Espanha nos vai pressionar!


O(s) erro(s) do PSD

Não é preciso ser doutorado em psicologia para se fazer o perfil psicológico do Primeiro-Ministro de Portugal. Basta observá-lo!

É nitidamente narcisista e egocêntrico, pelo que não é de estranhar que se considere omnifulgente. Para além disso, pondo em pratica a metodologia que o PS dizia ser o modus operandi de Alberto João Jardim e que tantos anos criticou, julga-se omnisciente e omnipresente.
Infelizmente para nós, portugueses, tais “qualidades” fazem com que viva desfasado da realidade.

Quais foram os erros do PSD?
Vários que, na minha opinião, se resumem a uma coisa muito simples. Mas já lá vamos.

Todos, exceptuando o PS, sabemos que o país está há anos economica e financeiramente mal.

Muito naturalmente, devia ter logo dito que se iria abster na votação parlamentar do orçamento, fazendo com que toda a responsabilidade fosse única e exclusivamente de José Sócrates e do PS.
Não o fez, preferindo sentar-se à mesa das negociações. Ora, esta atitude configura duas asneiras: primeiro, ao negociar a proposta de OE do PS estava a transferir para si parte da responsabilidade, pelo que uma abstenção do PSD na votação no Parlamento seria incompreensível; segundo, e não menos importante, partiu do princípio que o Governo estaria de boa-fé nas negociações e disponível para cedências.

Sim, o PSD tem razão na insistência pela redução da despesa. Contar apenas com a receita já há muito que não é suficiente.

Se há linha condutora que é possivel identificar em todos os Governos pós-25 de Abril de 1974 é o contínuo crescimento da despesa. Neste capítulo, os governos de José Sócrates são exemplares, tendo conseguido fazer do descontrole uma arte e da ilusão um valor acrescentado.

O principal problema do PSD foi a falta de senso comum.
Esqueceu-se de ver as suas costas nas costas dos outros. O PS também quer legislativas antecipadas.

Como o Portugal de hoje já não tem as possibilidades de 1851 nem o Ministro Teixeira dos Santos é um Fontes Pereira de Melo, talvez seja realmente melhor que o FMI venha visitar o nosso país.

Só assim haverá os cortes na despesa que efectivamente devem ser implementados.
Talvez assim aqueles que acumulam reformas – que existem em todas as cores partidárias – deixem de as receber.

Finalmente, não considero que a ruptura das negociações seja um erro. José Sócrates tem que aprender a respeitar a vontade que o povo expressa nos sufrágios.


Mais vale 25% de alguma coisa …

Mais cedo ou mais tarde, devido à brilhante conduta do Governo português e à sua veia gastadora, vamos ter que estender a mão a pedir dinheiro. Essa “ajuda” virá da UE e do FMI, mas terá um preço muito alto, particularmente, no contexto social.

Não é difícil perceber que entre as contrapartidas exigidas para o financiamento da República estará o controlo do défice e a diminuição da despesa do Estado, o que significa menos apoio social e, eventualmente, despedimentos na função pública.

Não tenho ideia do montante que será necessário para reduzir nos “custos com pessoal”, mas sendo o mesmo quantificável em vez de se despedir alguns devia-se diminuir o salário de todos.

Mais vale 25% de alguma coisa do que 100% de zero!

Mas existe sempre quem defenda até ao fim os “seus direitos adquiridos”, preferindo ver um colega de trabalho a ser despedido a prescindir duma parte do seu vencimento. Afinal, com o mal dos outros podem eles bem!