PAN: programa eleitoral europeias 2014
O programa eleitoral que o PAN apresenta às eleições europeias do próximo dia 25, não é uma desilusão total, mas anda lá perto.
É um programa marcadamente sectário, que, embora possa ser considerado coerente com aquilo que a actual direcção nacional do partido defende, não oferece nenhuma possibilidade de compromisso com aqueles que não pensam da mesma maneira. A democracia é a procura de consensos. Teoricamente, nenhuma parte deverá conseguir implementar 100% do que defende. É saudável expor as suas ideias e ouvir as dos outros. Mediante as diferentes exposições, o compromisso será estabelecido e por ele, com a adesão de outras “partes”, uma proposta parlamentar poderá ser votada favoravelmente. Não é o que transparece neste documento. Não estabelece pontos de contactos para além das “suas” congéneres europeias.
Não é difícil perceber que a retórica dominante é de esquerda. Não que tal seja errado, mas o PAN não deve ser uma vertente da esquerda. Tem, ou deveria, ser algo com identidade própria.
Inacreditavelmente, nenhuma das propostas incluídas no documento são passiveis de realização durante o período do mandato. Estamos, portanto, perante uma quimera. Mas o que mais me entristece é não haver qualquer ponto específico sobre a educação. Para um partido que procura uma alteração de comportamento que só será possível através duma mudança de consciência, referências implícitas são inúteis e até nocivas. Aquilo em que acreditamos deve ser claramente expresso. Afinal de contas, é o que nos distingue dos outros!
Apesar destas lacunas, o programa tem pontos e propostas positivas. Infelizmente, como não são consideradas politicamente, são meras expressões de fé ou – no caso do PAN será mais adequado – o resultado de meditações.
Fico na dúvida se a diferença entre supranacionalidade e intergovernamentalidade é percebida.
Na minha opinião, é uma pena que isto se esteja a verificar num partido com bastante potencial para ser diferente.
Ao menos, o cabeça de lista do PAN acredita na Europa. Valha-nos isso!
P.S. – A probabilidade de eleger deputado(s) é considerável. Mas, esse cenário não acontecerá devido uma escolha inclusiva dos eleitores. Antes pelo contrário. E, para aqueles que não sabem, as escolhas por exclusão possuem pés de barro.
O PAN tem uma identidade própria ligada à defesa da solidariedade humanística, animal e ambiental, fruto da sua visão holística do universo. Concordo que o PAN necessita para ser um partido aberto de se ligar mais aos problemas concretos, dando voz e ouvindo as suas bases e a sociedade. Nisso o PAN revela uma grande dificuldade, devido ao pensamento budista que o informa e que acaba por impôr a sua marca na forma de agir do PAN: o desapego e a meditação acabam por ser as suas facetas mais visíveis o que de fato conduz “ao nada, e ao tudo”, isto é ao “bem de tudo e de todos” seja lá isso o que for, que é o que dizemos quando nos referimos a Deus! 🙂
2014-05-25 at 7:08