Servir ou ser serviçal
Em política haverá sempre situações surpreendentes. Infelizmente, muitas delas sê-lo-ão negativamente. Lamentavelmente, algumas delas não envergonham apenas quem as profere. Também desonram os seus concidadãos e o país.
Angola não é uma autêntica democracia. Sim, é verdade que possui uma Constituição, mas o seu chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, é-o eternamente. E descaradamente. Nem se sequer se dá ao trabalho de colocar alguém da sua confiança temporariamente no lugar, seguindo a esteia de Vladimir Putin, para depois se recandidatar.
Curiosamente, apesar desta e de outras nuances constitucionais, aos cidadãos angolanos é garantida a possibilidade de recorreram ao ministério público angolano sobre a acção dos titulares públicos. Será que pedem desculpam quando se queixam?
As desculpas no Ministro dos Negócios Estrangeiros português são mais do que um exemplo de falta de bom senso. As tristes declarações de Rui Machete são um exemplo de servidão. Não são adequadas a um Ministro, que deve servir o seu povo e representar o Estado, e impróprias dum cidadão que sabe o que é a Separação dos Poderes. São, antes pelo contrário, ilustrativas dum serviçal dos interesses.
Há condições que nenhuma conjuntura deve alterar, independentemente dos interesses em jogo. A dignidade é uma dessas condições. A sua perda implica a falta de respeito.
Neste caso, implicou a falta de respeito pelo regime democrático, pelos portugueses e por Portugal.
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